A Biblioteca Comunitária
Antonio Tavernard compartilha a seguinte matéria sobre o mapa literário
divulgado pela Revista Superinteressante.
Mapa literário: o escritor mais importante de cada
Estado
A Redação da
Revista Superinteressante selecionou os 26 autores mais representativos de cada
estado brasileiro. A seleção se baseou em número de prêmios ganhos,
participações em Academia de Letras de suas respectivas federações, cobrança
nos vestibulares locais, número de traduções para línguas estrangeiras e, é
claro, se o autor é reconhecido por sintetizar a identidade de cada estado —
não sendo determinante seu local de nascimento.
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Mapa da Leitura no Brasil. Fonte: Redação da Superinteressante |
Eis abaixo a lista por região do Brasil:
SUL
– Rio Grande do Sul: Érico Veríssimo (O Tempo e o Vento, 1949)
– Santa Catarina: Cruz e Sousa (Broquéis, 1893)
– Paraná: Dalton Trevisan (O Vampiro de Curitiba, 1965)
NORDESTE
– Paraíba: Ariano Suassuna (O Auto da Compadecida, 1955)
– Pernambuco: Clarice Lispector (A Hora da Estrela, 1977)
– Rio Grande do Norte: Madalena Antunes (Oiteiro – Memórias de uma
sinhá-moça, 1958)
– Bahia: Jorge Amado (Gabriela Cravo e Canela, 1958)
– Sergipe: Vladimir Souza Carvalho ( Feijão de Cego, 2009)
– Ceará: Rachel de Queiroz (O Quinze, 1930)
– Alagoas: Graciliano Ramos (Vidas Secas, 1938)
– Piauí: Carlos Castello Branco ( O Arco de Triunfo, 1959)
– Maranhão: Aluísio Azevedo (O Cortiço, 1890)
NORTE
– Pará: Olga Savary (Sumidouro,
1977)
– Amazonas: Milton Hatoum (Dois Irmãos, 2002)
– Rondônia: Otávio Afonso (Cidade Morta, 1980)
– Tocantins: José Concesso (Meu Primeiro Picolé, 2004)
– Acre: Márcio Souza, (Galvez, Imperador do Acre, 1976)
– Amapá: Manoel Bispo Corrêa (Cristais das Horas, 1978)
– Roraima: Nenê Macaggi (Água Parada, 1933)
SUDESTE
– São Paulo: Mário de Andrade (Macunaíma, 1928)
– Rio de Janeiro: Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas,
1881)
– Minas Gerais: Guimarães Rosa (Grande Sertão Veredas, 1956)
– Espírito Santo: Rubem Braga (50 Crônicas Escolhidas, 1951)
CENTRO-OESTE
– Mato Grosso do Sul: Miguel Jorge (Veias e Vinhos, 1981)
– Mato Grosso: Manoel de Barros (Livro sobre Nada, 1996)
– Goiás: Cora Coralina (Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, 1965)
– Distrito Federal: Renato Russo (Faroeste Caboclo, 1987)
Quem é Olga Savary? Representando o Estado do Pará.
Poeta das águas e do amor, aclamada pela crítica e
laureada com os mais importantes prêmios literários do Brasil, entre os quais o
Prêmio Jabuti. Uma legenda viva da poesia brasileira.
OLGA SAVARY nasceu em Belém do Pará, Brasil,
21 de maio de 1933. Filha única de pai russo, engenheiro Bruno Savary, com
ascendência francesa, alemã e sueca, e mãe brasileira, Célia Nobre de Almeida,
paraense de Monte Alegre, de origem pernambucana e potiguar, descendente de
portugueses e com uma bisavó indígena. Estudou em Belém, Fortaleza e Rio de
Janeiro.
Começou a
escrever aos nove anos, em 1943, quando produziu um jornal artesanal, com
poemas, textos e desenhos. Publicou muitos de seus poemas em jornais e revistas
do Rio, Belém, Minas Gerais, São Paulo e outros estados, além do exterior,
assinando alguns como Olenka.
O
primeiro livro, Espelho provisório, foi publicado pela Editora José
Olympio em 1970, recebendo, em 1971, o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do
Livro, São Paulo.
Compositores de música erudita de vanguarda (como Aylton Escobar, Guilherme
Bauer, Ricardo Tacuchian, Vânia Dantas Leite e Guerra-Peixe) usaram poemas de Espelho
provisório, Sumidouro, Altaonda e Magma, em mais de
setenta concertos e espetáculos, em teatros e salas de concertos do Rio e
também no exterior, a partir de 1972, sob o patrocínio da FUNARTE e Departamento
de Cultura do Rio de Janeiro.
Seus poemas foram utilizados como material de palestras e cursos de Literatura
pelos professores Gilberto Mendonça Teles (PUC/RJ), Angélica Soares e Dalma
Nascimento (UFRJ), Lucila Nogueira (UFPE), Marleine Paula Marcondes e Ferreira
de Toledo (USP); Psicanálise (Wilson de Lyra Chebabi); e Astrologia (Martha
Pires Ferreira), entre outros, no Brasil. E nos EUA, Europa e Ásia por
professores brasileiros radicados e brasilianistas.
Olga Savary dirigiu o setor de Literatura da Casa do Estudante do Brasil, no
Rio, a convite do Embaixador Paschoal Carlos Magno.
Colabora em quase todos os jornais e revistas do Brasil e do exterior como
poeta, ficcionista, crítica, ensaísta, jornalista e tradutora. Em suas atividades
jornalísticas, iniciou a coluna As Dicas (notícias culturais, comentários e
sugestões) no jornal O Pasquim, onde se manteve desde a fundação em 1969
a 1982, como fundadora, colaboradora, entrevistadora e tradutora. Exerce
jornalismo literário há mais de cinqüenta anos, tendo recebido em 1987 o Prêmio
Assis Chateaubriand da Academia Brasileira de Letras para a Coletânea de
artigos literários publicados na imprensa com o livro As margens e o centro.
Integra
antologias de poesia e conto no Brasil e no exterior. Fez parte de júris
(julgando letra) de vários Festivais de Canção Estudantil, a partir de 1972.
Fez parte do júri dos carnavais de 1975, 1983, 1984, 1986, 1988 e 1990,
julgando letra das Escolas de Samba do I Grupo, no Rio e em São Paulo. Participou
do júri do Festival de Música Popular Brasileira 1980 da TV Globo. Fez parte do
júri de vários concursos de poesia e conto.
Também participou de vários movimentos de poesia como Ex-Poesia 1 (PUC, RJ,
1973), Ex-Poesia 2 (Curitiba, Paraná, 1973), Poemação (Museu de Arte Moderna,
RJ, 1974), sob organização do poeta e professor Affonso Romano de Sant’Anna.
Em 1975 foi escolhida Mulher do Ano
em Literatura pelo jornal O Globo, Rio de Janeiro. Poemas seus foram
publicados em Buenos Aires (Revista Crisis), em Lisboa (Revista
Colóquio/Letras), em jornais e revistas de Londres, Copenhague; nos Estados
Unidos (Poema Convidado da Universidade de Georgetown, e Universidade de
Indiana, a partir de 1973; na Revista Via, em 1977); na revista Il Cavalo de
Tróia (Milão, Itália, 1982); em Zerstreuung dês Alphabets (Alemanha); Canadá e
Japão.
Seu segundo livro Sumidouro (SP, Massao Ohno/João Farkas, 1977), foi
escolhido Melhor Livro do Ano pelo Jornal do Brasil (RJ) e ganhou o Prêmio
Poesia 1977 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Tradutora de mais de quarenta títulos dos principais escritores
hispano-americanos, recebeu o Prêmio Odorico Mendes 1980 de Tradução, da
Academia Brasileira de Letras, com Conversa na catedral, romance de Mário
Vargas Llosa.
Participou
da VI Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, em 1980, no 1º Seminário de
Literatura Brasileira. Juntamente com José Wilker, Muniz Sodré, Roberto D’Ávila
e Walter Clark, fez parte do I Debate Cultural, organizado por Gustavo Barbosa
e promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian/Soart e TV Educativa, no Rio,
1981.
Participou do Projeto Escritor 1981, realizando dois depoimentos como escritora
na Biblioteca de Santana e na Biblioteca de Pinheiros, promovidos pela
Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, sob a gestão do poeta Mário
Chamie.
Altaonda (Edições Macunaíma/Massao Ohno, 1979), seu terceiro livro,
recebeu o Prêmio Lupe Cotrim Garaude de Poesia 1981 da União Brasileira de
Escritores de São Paulo.
No espetáculo Fala Poesia foram apresentados poemas da Autora, durante dois
meses, no Teatro Brasileiro de Comédia, mais tarde levados em cinco bibliotecas
e no Teatro Ruth Escobar, sob o patrocínio da Secretaria da Cultura de São
Paulo, musicados por Déa Bertran, interpretados pelas atrizes Isadora de Faria
e Núbia de Oliveira.
Mais doze compositores de música popular brasileira (Paulo Ciranda, Irinéa
Maria, Rosa Passos, Mirabô, Flávio Pantoja, Madan, José Luiz Nogueira, Nosly,
Gui Tavares, Flávio de Lira, Fred Martins e Antônio de Paula) musicaram poemas
de Olga Savary. Participou do I Festival da Mulher nas Artes, organizado por
Ruth Escobar e pela Editora Abril em São Paulo, 1982.
Natureza viva: Uma seleta dos melhores poemas de Olga Savary é editado
em 1982 pelas Edições Pirata, no Recife. No mesmo ano sai Magma (Massao
Ohno/Roswitha Kempf), saudado pela imprensa e pela crítica como o primeiro
livro todo em temática erótica escrito por mulher no Brasil, Prêmio Olavo Bilac
1983 da Academia Brasileira de Letras.
Visando um benefício coletivo para escritores e tradutores – num esforço
individual através de cartas à Prefeitura do Rio de Janeiro, de 1982 a 1984 –
conseguiu abolir o imposto de ISS para as duas categorias.
Em 1984 foi eleita Membro Titular do
PEN Clube do Brasil, associação de escritores ligada ao PEN
Internacional/UNESCO. Também em 1984 lança Carne viva – I antologia
brasileira de poesia erótica, sob sua organização, reunindo 77 dos melhores
poetas de todo o Brasil (Rio de Janeiro, Anima).
Abre a I Semana do Japão, proferindo a palestra : Hai-kai, a poesia clássica
japonesa, no auditório da Associação Comercial do Rio de Janeiro, realizada
pelo Consulado Geral do Japão, Câmara do Comércio e Indústria Japonesa, e
Instituto Cultural Brasil-Japão.
Representou o Brasil no Poetry International 1985 de Roterdã, Holanda,
importante congresso europeu de poesia, convidada (junto com João Cabral de
Melo Neto, Ferreira Gullar e Lêdo Ivo, em homenagem à poesia de língua
portuguesa e na primeira vez em que o Brasil foi convidado), sendo a única
mulher entre a delegação portuguesa e brasileira. De volta apresentou-se no
Restaurante Botanic, em duas noites de agosto, lendo vinte poemas dos que
apresentou na Holanda em português e a correspondente tradução para o holandês
feita pelo professor August Willemsen, da Universidade de Amsterdã.
Saturnal, poema seu musicado por Paulo Ciranda, é apresentado em vários
shows e no projeto Pixinguinha, da Funarte, no Teatro Glauce Rocha e no Circo
Voador, pela cantora e atriz paulista Maricene Costa, com um conjunto de
músicos e de bailarinos, no Rio e em São Paulo.
Em agosto de 1986 lança Hai-Kais
pinçados de seus livros anteriores e parte inédita (Roswitha Kempf Editores),
prefácio de Gerardo Mello Mourão e capa de Sun Chia Shin, no Espaço Cultural
Pasárgada (Casa de Manuel Bandeira), no Recife. Em seguida é homenageada, como
Poeta do Ano, com a Caminhada Poética, projeto cultural do escritor Flávio
Chaves, poetas e artistas dizendo seus poemas pelas ruas do centro da cidade do
Recife, parando literalmente o trânsito durante duas horas, a convite da
Fundarpe, Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, União Brasileira
de Escritores e Sindicato de Jornalistas.
Poema seu foi dito pela atriz Neila Tavares no espetáculo Eu sou uma mulher; no
Bar O Viro do Ipiranga e no Centro Cultural Laura Alvim, no Rio de Janeiro,
durante meses.
Em novembro/dezembro de 1986 participa do seminário Erotismo, Cinema e
Psicanálise, com três psicanalistas da Letra Freudiana – Eduardo Vidal,
Elizabeth Tolipan e Paula Becker –, a artista plástica Vilma Pasqualini, os
cineastas Arnaldo Jabor, Nagisa Oshima e Roger Vadim, no III FestRio de Cinema
do Rio de Janeiro, realizado no Hotel Nacional. Ainda em dezembro faz a
palestra Hai-Kai e Cultura Japonesa e é jurada do I Encontro de Hai-Kais, no
Centro Cultural São Paulo, a convite da Fundação Japão e do jornal Portal, SP.
Em 1987 sai Linha d’água (SP/RJ,
Massao Ohno/Hipocampo), prefácio de Felipe Fortuna e apresentação de Antonio
Houaiss, com capa e ilustrações de Kazuo Wakabayashi. Cria, com Virgínia
Lombardi, o projeto Ver Ouvindo (gravações de livros em cassete para cegos, com
livros seus e de outros autores, lançando-os na Biblioteca de Jacarepaguá, com
atrizes interpretando os poemas: Maria Helena Dias, Martha Overback e Sonia
Santos). Em outubro faz parte do júri do II Encontro de Hai-Kais, no Centro
Cultural São Paulo, julgando e apresentando poemas de poetas clássicos
japoneses em tradução sua. Em novembro recebe em Salvador o Prêmio Nacional de
Poesia Artur de Sales 1987 da Academia de Letras da Bahia, por unanimidade do
júri, entre centenas de concorrentes de todo o Brasil, com o livro inédito
Berço Esplêndido.
Em dezembro, na ABI e no Espaço Cultural Sérgio Porto, é apresentada
Fotopoesia, exposição de fotos de Ruy Lisboa com poemas de Olga Savary.
Recebe o Prêmio Eugênia Sereno 1988 com o livro de contos inéditos O olhar
dourado do abismo pelo Instituto de Estudos Valeparaibanos, Guaratinguetá,
SP. No mesmo ano, este livro é premiado na Academia Brasileira de Letras. E na
Associação Paraense de Escritores.
Convidada pela Bienal Nestlé de Cultura, em julho de 1988, profere
palestra-depoimento sobre o tema Erotismo na Literatura e leitura de poemas
seus.
Em maio de 1989 é homenageada pela
Secretaria de Estado da Cultura – Museu de Literatura Casa Mário de Andrade,
por 15 dias, por serviços prestados à cultura do País e 40 anos de ofício (com
palestras, vídeos, depoimentos, recitais com o ator Felipe Martins e a atriz
Isadora de Faria e duas exposições de desenhos sobre seu trabalho de Anídia
Martins Rodrigues e Suely Regina Avelar). Concede entrevista a Jô Soares, no
SBT.
Jurada do III Encontro Portal de Hai-kais, realizado no Centro Cultural São
Paulo, faz palestra sobre poesia japonesa, com leitura de haikaístas japoneses
e brasileiros. Participa do IV e V Encontro Portal de Hai-kais nos anos de
1988, 1989 e 1990, onde é homenageada como a primeira mulher a publicar
hai-kais entre nós e a grande divulgadora da cultura japonesa no Brasil.
Em 1989 é editado Retratos.
Em 1991 é homenageada pela Fundação
Biblioteca Nacional, RJ, gestão de Affonso Romano de Sant’Anna, com
dramatização de poemas seus por atores da TV Globo (Ary Coslov, Dedina
Bernardelli e Mayara Magri) e música (flautista Helder Parente) no Teatro do
Texto.
Em 1992 lança a Antologia da nova poesia
brasileira, organização sua, considerada pela imprensa e crítica a maior
antologia feita no Brasil, com 334 poetas de todo o país, poesia social, edição
do RioArte/Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de
Janeiro/Hipocampo.
Em 1994 é editada em antologia Poesia
da América Latina (junto com Ferreira Gullar e Lêdo Ivo, entre apenas 18
poetas e dois prêmios Nobel: Pablo Neruda e Octavio Paz), na Holanda. Saem dois
livros seus de poesia: Rudá e Éden-Hades. Participa da Poesia
1994, 1995 e 1996, série de palestras que dá em São Paulo, a convite da
Secretaria Municipal de Cultura, sobre poesia brasileira e a sua própria.
Homenageada em 1995 com o título de Cidadão Benemérito do Estado do Rio de
Janeiro, pelas mãos da escritora-deputada Heloneida Studart, na ALERJ –
Assembléia Legislativa do RJ, no Plenário do Palácio Tiradentes, tendo como
presidente Sérgio Cabral Filho. Onze atores e atrizes, e escritores,
interpretam seus poemas no final da cerimônia, entre os quais Alessandra
Hartkopf, Denise e Cairo Trindade, Salgado Maranhão, Sandra Barsotti e Zezé
Polessa.
Em 1996 sai Morte de Moema
(edição de arte). Participa, a convite da Secretaria Municipal de Cultura de
SP, do Congresso Internacional de Literatura do Mercosul.
É Mulher do Ano 1996 pela Secretaria Municipal de Cultura e Departamento de
Bibliotecas Públicas de São Paulo, gestão de Rodolfo Konder/Cláudio Willer, na
Biblioteca Mário de Andrade, SP.
Em
novembro de 1996, candidata-se pela primeira vez à ABL (Academia Brasileria de
Letras), obtendo expressiva votação dos escritores da entidade.
Em 1997 é editado seu primeiro livro
de contos: O Olhar dourado do abismo.
Da década de 80 até 1997 saem vários discos e CDs com poemas de Savary,
musicados por Vânia Dantas Leite, Flávio Pantoja, César Guerra-Peixe, Madan,
entre os 40 compositores de música erudita e da MPB que musicaram sua obra.
Faz parte do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. É membro titular da
Comissão da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira
de Imprensa. Eleita presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de
Janeiro/Casa de Cultura Lima Barreto/Teatro TESE, primeira mulher na
presidência, de 1997 a 1998. Todos esses títulos são honoríficos, pois estas
entidades culturais são de utilidade pública e não visam fins lucrativos.
Repertório
selvagem – obra reunida (12 livros de poesia), editada em 1998 pela Biblioteca
Nacional/Universidade de Mogi das Cruzes/MultiMais, recebe indicação para
Prêmio Machado de Assis/Conjunto de Obra 1997 pela Academia Brasileira de
Letras.
1999. Dois livros sobre sua obra são
publicados: A voz das águas – Uma interpretação do universo poético de Olga
Savary, da professora da USP e ensaísta Marleine Paula Marcondes e Ferreira
de Toledo (Lisboa, Ed. Colibri/Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra/Universidade da Cidade de São Paulo. Prêmio APCA para Ensaio-2000,
entregue no Teatro Municipal de São Paulo) e A paixão emancipatória, da
professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Angélica Soares
(Rio de Janeiro, Difel, ensaio).
Como único brasileiro convidado, participa do Congresso Internacional Poesia em
Lisboa 2000, em maio, no qual o governo de Portugal publica poemas de Savary em
edição bilíngüe (português e francês) e uma antologia com poemas e fotos dos
participantes (quatro poetas portugueses e 12 de outros países, entre os quais
Brasil, Alemanha, China, Espanha, França, Inglaterra, Itália).
Patrona do III Concurso Nacional do jornal Poesia Viva – Prêmios Olga Savary
2000.
2001. Com 19 livros publicados, tem
mais 15 no prelo e a sair (poesia, conto, romance, crítica, ensaio e jornalismo
literário), somando agora 40 prêmios nacionais de literatura.
Aníbal
Machado, Carlos Drummond de Andrade, Marlos Nobre, Murilo Mendes, Sylvio Meira,
Virgínio Santa Rosa, entre outros, são intelectuais dos quais se orgulha de ser
parente. E por casamento, fazendo parte da família de Sérgio de Magalhães Gomes
Jaguaribe, também ficou parente (e amiga) de Rachel de Queiroz, Pedro Nava e
José de Alencar.
Eleita Mulher do Ano 2001 na área de Cultura pela entidade japonesa Sokka Gakai
Internacional/UNESCO.
Lança na Bienal do Livro, maio de 2001, no Rio, O olhar dourado do abismo:
contos de paixão e espanto, pela Bertrand Brasil/Biblioteca Nacional; 2ª
ed. 2003, com o MEC.
Berço esplêndido, seu 18º livro, poesia, RJ, Palavra & Imagem,
celebra a extrema brasilidade de Savary, onde canta a raiz amazônica de sua
Belém, do seu Brasil.
No final de 2001 é publicada sua antologia Poesia do Grão-Pará, que lhe
ocupou 50 anos de pesquisa e coleta de material desde a adolescência, onde
inclui 117 poetas, cobrindo mais de 200 anos de poesia da Amazônia. Encomendada
pelo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, a antologia é editada no Rio de
Janeiro pela Graphia (526 p.). Apresentada por Benedito Nunes, que foi
professor de filosofia de Savary. O jornalista e crítico Rodrigo de Souza Leão
escreve longa crítica sobre esse livro, o qual foi agraciado com o Prêmio
Nacional UBE/RJ para Antologia na Academia Brasileira de Letras.
2002. No Dicionário Crítico de
Escritoras Brasileiras, da professora da USP Nelly Novaes Coelho, é contemplada
com três páginas.
2003. A professora e ensaísta Olga
de Sá, diretora da FATEA (Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Lorena SP) e
da pós-graduação da PUC/SP, organiza um número especial da revista Ângulo
sobre Savary em homenagem a seus 70 anos.
2004. A obra de OS é objeto de teses
de mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e outras,
entre as quais O erotismo na produção poética de Olga Savary (Doutorado
da professora Claudia Pastore, defendido na USP).
No Memorial da América Latina, em São Paulo, de 11 a 17 de setembro, é
convidada a participar da mesa redonda com Thiago de Mello, José Mindlin,
Carlos Nejar e atores, fazendo também parte de jogral que declama poemas de
Neruda, no evento “Centenário Pablo Neruda”.
Em novembro, ministra palestra sobre Pablo Neruda, no evento “100 anos de
Neruda” da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para professores e
alunos de Letras, como principal tradutora do poeta chileno no Brasil.
Participa como palestrante em vários congressos de Literatura Brasileira nos
estados do Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí etc.
2005. Baseada na obra poética
reunida de OS, a professora italiana Maria Longobardi apresenta a Tese de
Doutora Olga Savary: Repertório Selvagem, orientada pelo
professor de Roma Giovanni Ricciardi, na Faculta di Lingue e Letterature
Estraniere da Università, degli Studi di Napoli “L’orientale”, em Nápoles,
Itália.
2007. Berço Esplêndido
recebe, em maio, o Prêmio Internacional Brasil-América Hispânica. E, em
outubro, Olga Savary recebe sua 40ª premiação: 1º lugar no Concurso Josué
Montello para Romance Inédito (Paraíso, título provisório, escrito há 20
anos) da União Brasileira de Escritores/RJ, na Academia Brasileira de Letras.
2008. É publicado seu 19º livro Anima
Animalis – Voz de Bichos Brasileiros, poesia, com os poemas traduzidos para
cinco idiomas: espanhol, finlandês, francês, inglês e italiano. Edição de arte
pelas Edições LetraSelvagem, com gravuras de Marcelo Frazão. Anima
Animalis foi escolhido como o "melhor livro de poesia editado no Brasil em
2008" pelo júri da APCA(Associação Paulista de Críticos de Artes).
ALGUNS
POEMAS:
INSÔNIA
A José Carlos Audíface Brito
Quero escrever um poema irritado.
Quero vingar meu sono dividido
(busco palavras que interroguem essa alquimia
do poema, que vire a noite em fogo vário
e a lua em pegada escondida atrás do muro
— vagaroso desmoronar de extinto vôo ).
Quero um poema ainda não pensado,
que inquiete as marés de silêncio da palavra
ainda não escrita nem pronunciada,
que vergue o ferruginoso canto do oceano
e reviva a ruína que são as poças d’água.
Quero um poema para vingar minha insônia.
Belém, março 1950
A CARTA
A Wagner Cavalcanti de Albuquerque
Perdem-se, num longo sono de espera
olhos cansados de mil anos perdem-se.
As palavras circulam pelas praças,
vêm nos jornais, nos telegramas, na memória.
Mas perto
o silêncio empoeirou-se à toda volta.
As palavras esperadas, onde ?
As palavras não existem.
O que existe é só a espera delas.
Na estrada, a lua envelhecendo.
E os olhos fincam a noite para ver
além da noite ruínas de um mistério:
o silêncio.
Belém, setembro 1952
ENQUANTO
Sou inconstante como o vento
sou inconstante como a vaga
por isso fica
enquanto estou desvelada
enquanto eu não for
vento ou vaga.
Belém, 22 maio 1953
AVISO
Não te abandones um só momento
sou inconstante como a nuvem
sou mutável como o vento.
Não te dês inteiro um só momento
porque um dia te quererás de volta
e levarás somente um fragmento.
Belém, maio 1953
HAI-KAI
Se fosses um buda
eu seria a pedra
de tua fronte.
Belém, 12 julho 1953
QUERO APENAS
Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campo de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
— e entre mim e meu deserto —
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
Belém, julho 1953
ÚNICO
A Liane Teixeira
Não transfiras o momento do teu sonho.
No instante em que ele vem
arrisca-te à sua fina lâmina:
ele é tua única herança,
teu legado único,
único vestígio.
Belém, 31 julho 1953
ÁGUA ÁGUA
A Walmir Ayala
Menina sublunar, afogada,
que voz de prata te embala
toda desfolhada?
Tendo como um só adorno
o anel de seus vestidos,
ela própria é quem se encanta
numa canção de acalanto
presa ainda na garganta.
Belém, 8 novembro 1953