Para eternizar ainda mais sua importância, a Biblioteca Comunitária Antônio Tavernard apresenta uma bela trajetória de sua biografia e registros pós-Tavernard mas que ainda estão sendo repaginadas para compartilhar com os nossos usuários.
Eis abaixo sua biografia atualizada:
POETA
ANTÔNIO TAVERNARD (10.08.1908-02.05.1936)
“Nasci em frente ao mar,
Meu primeiro vagido.
Misturou-se ao fragor
do seu bramido.
Tenho a vida do mar !
Tenho a alma do mar! ..........”
(Similitudes)
SUA BIOGRAFIA
E REGISTROS PÓS-TAVERNARD
O poeta Antônio
de Nazareth Frazão Tavernard nasceu em 10 de outubro de 1908 (segundo domingo –
Dia do Círio de Nsa. de Nazaré) na antiga Vila Pinheiro, atual Distrito de
Icoaraci. A família Tavernard residia em
um amplo chalé em estilo português localizado na Rua Siqueira Mendes (1ª Rua)
nº 585, logradouro este de frente a baía de Guajará. Admirado por diferentes
gerações, Tavernard deixou um legado de poesias e prosas que valorizam a
cultura e a literatura regional.
Filho do
teatrólogo Othílio de Alencar Tavernard e Marietta Frazão, Tavernard,
mostrou-se desde cedo como uma pessoa especial. Foi batizado em 29 de novembro
de 1908 na Igreja de São Sebastião ainda na Vila Pinheiro.
Aspecto da Casa onde Tavernard nasceu em 10.10.1908 na antiga Vila Pinheiro (hoje Icoaraci) |
A Casa do Poeta em funcionamento, tempos áureos em que o escritor teve dignidade com seu nome. |
A família
mudou-se para o centro de Belém e em 1915, Tavernard inicia seu curso primário.
Já em 1917, com 09 anos de idade, obtêm o segundo lugar no Concurso de Contos
Nacionais da Revista Primeira.
Em 1919
entra no Ginásio Paes de Carvalho e torna-se um ativo colaborador do jornal
escolar (O C.P.C). Com seus 18 anos
de idade ingressou em 1926 na Faculdade Livre de Direito do Pará, mas não
concluiu o primeiro ano em razão da hanseníase que o castigou por dez longos
anos, levando o talentoso poeta a exilar-se da sociedade, inclusive de seus
familiares.
Neste
momento, inicia-se uma das mais tristes passagens da vida do poeta, mas
paralelamente nasce para o mundo as mais belas expressões literárias que
somente sua inteligência foi capaz de reproduzir. Maior parte de suas obras
foram produzidas neste momento quando ficou doente.
A pedido do
próprio Tavernard foi construído um pequeno chalé de madeira no quintal da
família onde foi batizado de “Rancho
Fundo”, onde a partir deste ambiente sua produção literária alcança o ápice
e é disseminada nos jornais e revistas da época. Foi redator-chefe da extinta Revista
“A Semana”.
Já com
quatro anos de reclusão, em 1930, publicou seu primeiro e único livro em vida, intitulado de “Fêmea”, trata-se de um conjunto de
contos. Sua importância literária lhe rendeu uma nova reedição histórica
publicada em 2011 pela Editora Paka-Tatu, agora revisada e atualizada pelo
escritor paraense Alfredo Garcia Bragança.
Publicou e lançou
a comédia “A menina do 20.000”, em
parceria com Fernando de Castro. Escreveu em seguida peças teatrais como a “A casa da viúva Costa”; “Seringadela”; “Que tarde” e “Parati”.
Algumas destas peças foram representadas no início da década de 1930 no Palace Teatro, pertencente ao antigo Grande Hotel (onde funcionou o Hilton
Hotel e hoje Princesa Louçã) no centro da capital paraense.
Sua mais
famosa obra na sociedade paraense é musicalizada, cantada em prosa e versos,
porém são poucos os que conhecem a autoria, trata-se da letra do Hino Oficial
do Clube do Remo, tendo como músico Emílio Albim. Mais de 250 poesias de sua
autoria foram publicadas nos vários jornais da cidade, como, por exemplo, o
extinto jornal Folha do Norte.
Tavernard
gostava de livros e era extremamente sensível. A versatilidade da produção de
Tavernard é um dos fatores que mais impressionam quem conhece sua obra. Mesmo
com poucos anos de vida, conseguiu deixar uma vasta produção de poesias e
prosas.
O talentoso
poeta faleceu com 28 anos de idade no dia 02 de maio de 1936, ocasionado por um
ataque cardíaco fulminante acompanhado de perto por sua mãe Marietta Tavernard.
Foi sepultado no Cemitério de Santa Isabel em Belém.
Em 1953,
dezessete anos depois de seu falecimento, foi publicado o livro “Místicos e Bárbaros”, seleção de suas
poesias, editadas por Hermógenes Barra. Em 1960, o antropólogo e pesquisador
paraense Vicente Salles conquista prêmio da Academia Paraense de Letras com o
ensaio literário sobre o poeta Tavernard. Também em 1981, outro prêmio da
Academia Paraense de Letras é entregue a professora Margarida Maria do
Nascimento Paiva por ter obtido o primeiro lugar em Concurso Literário.
No dia 02 de
maio de 1986, em razão do cinquentenário da morte do poeta, foi lançada a
publicação “Obras Reunidas de Antônio Tavernard” de autoria e coordenação do
Conselho Estadual de Cultura do Pará. Esta obra reúne 178 poemas e poesias do
poeta, que foram publicadas em vários jornais da cidade de Belém.
Em 1998, ano
em que o poeta Tavernard completaria 90 anos de idade, a Universidade da Amazônia (UNAMA) realizou o
Simpósio Antônio Tavernard e lançou na ocasião a edição nº 09 da “Revista Asas da Palavra” com um dossiê
sobre sua vida e obra.
No
centenário de seu nascimento em 2008, o poeta foi o escritor patrono da 11ª
Feira Pan Amazônica do Livro, ocasião muito especial onde foi possível exibir
para o público sobre o poeta Tavernard, tendo como base sua importância e
contribuição na Literatura Paraense.
Neste mesmo
ano, inaugura-se em 13 de dezembro no Distrito de Icoaraci, a Biblioteca
Comunitária Antônio Tavernard, projeto social voluntário sem fins lucrativos,
de incentivo a promoção da leitura e acesso democrático ao livro, que em sua
plenitude vem resgatar o nome do poeta que por sua vez estava esquecido face o
abandono do chalé na Rua Siqueira Mendes.
Em 2011 seu
primeiro e único livro publicado em vida “Fêmea”
foi reeditado pela Editora Paka-Tatu, obra esta revisada e atualizada pelo
escritor paraense Alfredo Garcia Bragança. Seu lançamento ocorreu na Feira Pan
Amazônica do Livro.
O poeta
também fora homenageado em dois espaços da cidade, dá nome a Rua que passa
embaixo da Fundação Cultural do Pará (FCP) e ao Complexo Hidroviário da Ilha de
Cotijuba.
Quanto ao chalé
onde o poeta Tavernard nasceu em Icoaraci, funcionou por um tempo a partir de 1986
a “Casa do Poeta”, porém, devidos problemas estruturais o espaço ficou ocioso
para as atividades que inicialmente fora proposto. Paralelamente às atividades
da Casa, funcionou no espaço até meados da década de 1990, o Conselho
Interativo de Segurança e Justiça do Distrito de Icoaraci (CISJU), onde ainda
era possível conhecer os objetos pertencentes ao poeta e suas obras.
Ruínas da Casa do Poeta. Descaso e trâmites burocráticos levaram a esta triste realidade. |
Hoje (março de 2016) a "Casa do Poeta" vive mais uma triste história de abandono frente às mazelas sociais. |
Após a extinção do CISJU no espaço os objetos
e obras do poeta não se tem notícia, apenas especulações sem provas de seu
destino. Desde então o imóvel ficou fechado, sendo deteriorado a cada estação
pela ação do tempo. Das ruínas que restavam, não há hoje como vislumbrar a
simbólica da Casa, pois nem a placa trilíngue que a identificava as mazelas
sociais não deixaram permanecer seus rastros.
J. Bosco (O Liberal) |
“Mais vale um grande amor passado e morto que um pequenino amor
sobrevivente..... ” (Mais vale)
“A Amazônia
proteiforme, medonha, é um estúdio de assombros singular! Nela sente-se à
noite, Deus a trabalhar......” (Entre o
Eter e o Lodo)
“Cada um dá o que tem! Ah! Que verdade ! A vida deu-me a dor e eu
dou-lhe versos...........” (Místicos e
Bárbaros)
“A mulher
que se ama é sempre aquela que entre todas as belas, é a Bella, que entre todas
as boas é a Boa...........” (Agulhetas)
“Sol doente, sol de agosto. Morrendo como uma flor. Eu também
sou um sol-posto no caso da minha dor...............”
(Quadra)
“Quando um homem chora a morte do seu sonho, há nesse homem, o
símbolo medonho de mil naufrágios e de mil ruínas............” (Carta de minha angústia)
“A vida afinal de contas é um punhal com duas pontas. Suas feridas
não se sente, mas que lâmina tão torta ! Se aos outros fere uma ponta, a outra
lacera a gente.” (Scismares)
Mente, poeta! A vida apenas vale. Pela mentira que nos faz feliz.
Que nunca jamais teu verso cale. A mistificação ou a burla que desdiz
A dúvida infernal de um coração! (Mente, Poeta)
Mente, poeta! A vida apenas vale. Pela mentira que nos faz feliz.
Que nunca jamais teu verso cale. A mistificação ou a burla que desdiz
A dúvida infernal de um coração! (Mente, Poeta)
Sua mais conhecida obra: Hino Oficial do Clube do
Remo
“Atletas
azulinos somos nós, e cumpriremos o nosso dever, se um dia quando unidos para a
luta, o pavilhão sabemos defender.
Enquanto
a azul bandeira tremuleja, o vento a beija, como a sonhar, horando essa
bandeira que paneja,
nós todos saberemos com amor lutar.
nós todos saberemos com amor lutar.
E
NÓS ATLETAS TEMOS VIGOR, A NOSSA TURMA É TODA DE VALOR (BIS).
Nós
todos no vigor da mocidade, vamos gozando nessa quadra jovial, e nós azulinos
da cidade,
rendemos viva ao nosso ideal.
rendemos viva ao nosso ideal.
Em
cada um de nós mora a esperança, nossa pujança, nosso ideal, e como somos do
CLUBE DO REMO
Numa
só voz diremos que não tem igual
E
NÓS ATLETAS TEMOS VIGOR, A NOSSA TURMA É TODA DE VALOR (BIS)
REFERÊNCIAS
COSTA, Ferreira. A Enciclopédia do Futebol
Paraense. Belém: Smith, 2000.
CRUZ, Benilton. Mente, poeta: considerações sobre o poeta Antônio Tavernard. Disponível:http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/m00019
MEIRA, Cécil. Introdução ao Estudo da Literatura.
5. ed. Belém: Imprensa Oficial do Estado, 1988.
TAVERNARD. Antônio. Edição comemorativa do
Cinqüentenário da morte do poeta. v.1. Poesia. Belém: Conselho
Estadual de Cultura, 1986.
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA. Centro de Ciências
Humanas e Educação. Asas da Palavra, v.4,
n.9, out. 1998. Belém, 1998.
ResponderExcluirHINO DO CLUBE DO REMO ?
Aristides Medeiros
ADVOGADO
A música e a respectiva letra do hino que se diz ser do Clube do Remo, “data venia”, não corresponde à realidade, eis que se trata, isso sim, do Hino do Atleta Azulino
Tanto é assim, que o verdadeiro Hino do Clube é aquele referido à página 590 da obra “História do Clube do Remo”, de autoria do saudoso ERNESTO CRUZ’, livro prefaciado pelo então Presidente RAINERO MAROJA.
A propósito, diga-se que, quando eu era jovem gostava muito de manter correspondência com colegas estudantes de vários outros locais, com endereços a mim fornecidos pela Casa do Estudante do Brasil (Rua Santa Luzia – Rio).
Entre os meus correspondentes havia um –morador no RJ - o qual disse ser também compositor de hinos de clubes, já o tendo feito para grande parte de agremiações esportivas. E então perguntou qual era o meu Clube aqui no Pará e se eu queria que ao mesmo (Clube) fizesse um hino.
Respondi que o meu Clube de coração era o Remo e que aceitaria o oferecimento, pelo que o aludido colega pediu lhe enviasse alguns informes sobre o Clube de Periçá, a fim de produzir a letra e também a música, o que atendi.
Na volta da correspondência, ele enviou a mim a partitura contendo letra e música do que seria o Hino do Clube do Remo.
Como eu não entendia nada de música, obtive o auxílio de uma senhora minha conhecida, a qual era pianista e e se comprometeu a fazer a execução no piano, tendo me convidado para ir à sua residência, a fim de escutar o Hino por ela tocado.
A música era muito bonita, e, quanto à letra, lembro somente que iniciava assim:
“Avante, Clube do Remo
Gigante no esporte
Avante, Clube do Remo
És invejado por ser forte
..............................................”
De posse da aludida partitura, fui até ao Edifício Bern, onde funcionava o estúdio da PRC 5, e ali entreguei a mesma ao saudoso Edyr Proença, que então se comprometeu a levar a composição à Diretoria do Leão.
Até hoje não sei se o Edyr chegou a entregar a partitura à Diretoria do Mais Querido do Pará.
E agora uma sugestão: seria interessante que a Diretoria do Clube de Rubilar encarregasse um compositor para confeccionar o verdadeiro Hino do Clube.
ResponderExcluirHINO DO CLUBE DO REMO ?
Aristides Medeiros
ADVOGADO
A música e a respectiva letra do hino que se diz ser do Clube do Remo, “data venia”, não corresponde à realidade, eis que se trata, isso sim, do Hino do Atleta Azulino
Tanto é assim, que o verdadeiro Hino do Clube é aquele referido à página 590 da obra “História do Clube do Remo”, de autoria do saudoso ERNESTO CRUZ’, livro prefaciado pelo então Presidente RAINERO MAROJA.
A propósito, diga-se que, quando eu era jovem gostava muito de manter correspondência com colegas estudantes de vários outros locais, com endereços a mim fornecidos pela Casa do Estudante do Brasil (Rua Santa Luzia – Rio).
Entre os meus correspondentes havia um –morador no RJ - o qual disse ser também compositor de hinos de clubes, já o tendo feito para grande parte de agremiações esportivas. E então perguntou qual era o meu Clube aqui no Pará e se eu queria que ao mesmo (Clube) fizesse um hino.
Respondi que o meu Clube de coração era o Remo e que aceitaria o oferecimento, pelo que o aludido colega pediu lhe enviasse alguns informes sobre o Clube de Periçá, a fim de produzir a letra e também a música, o que atendi.
Na volta da correspondência, ele enviou a mim a partitura contendo letra e música do que seria o Hino do Clube do Remo.
Como eu não entendia nada de música, obtive o auxílio de uma senhora minha conhecida, a qual era pianista e e se comprometeu a fazer a execução no piano, tendo me convidado para ir à sua residência, a fim de escutar o Hino por ela tocado.
A música era muito bonita, e, quanto à letra, lembro somente que iniciava assim:
“Avante, Clube do Remo
Gigante no esporte
Avante, Clube do Remo
És invejado por ser forte
..............................................”
De posse da aludida partitura, fui até ao Edifício Bern, onde funcionava o estúdio da PRC 5, e ali entreguei a mesma ao saudoso Edyr Proença, que então se comprometeu a levar a composição à Diretoria do Leão.
Até hoje não sei se o Edyr chegou a entregar a partitura à Diretoria do Mais Querido do Pará.
E agora uma sugestão: seria interessante que a Diretoria do Clube de Rubilar encarregasse um compositor para confeccionar o verdadeiro Hino do Clube.
Corrijam por favor, a data de nascimento de nosso Tony. 10/10, e não 10/08!
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