O artigo intitulado " Casa do Poeta Tavernard: Nasci em frente ao mar....... (Qual frente do mar?)" de autoria do bibliotecário e coordenador da Biblioteca Comunitária Antonio Tavernard foi publicado neste mês de junho no site http://www.bordalo.com.br/ do deputado estadual Carlos Bordalo.
Eis abaixo o artigo na íntegra visando uma reflexão sobre a triste realidade da Casa do Poeta:
Casa do Poeta Tavernard: Nasci em frente ao mar....... (Qual frente do mar?) *
A casa onde morou o poeta icoaraciense Antônio Tavernard, conhecida pelos moradores do Distrito de Icoaraci como a “Casa do Poeta”, que há anos encontra-se em completo abandono, inclusive com ciência do poder público, vivencia mais um capítulo triste de sua história. Não bastava suas ruínas deterioradas pelo tempo, agora sua fachada foi literalmente ao chão contando com a colaboração de cidadãos que infelizmente não tiveram o privilégio de conhecerem a importância literária que este espaço representa para a história do Distrito de Icoaraci.
O espaço onde nasceu um dos grandes poetas da Amazônia, cuja poesia “Similitudes” em maestria nos diz: “Nasci em frente ao mar. Meu primeiro vagido misturou-se ao fragor do seu bramido. Tenho a vida do mar! Tenho a alma do mar!.(....), hoje infelizmente não há como vislumbrar a frente do mar, pois as mazelas enraizadas na sociedade não permitiram que pelo menos às ruínas da Casa do Poeta possam ter o direito de sobreviverem a ação do tempo, nem tampouco a placa trilíngue que identificava o prédio na Rua Siqueira Mendes (1ª rua de Icoaraci) que foi arrancada.
Das paredes em estilo colonial, só restam escombros e colunas que mal se sustentam; portas e janelas já vieram abaixo. O mato tomou conta de todo o interior do imóvel e terreno, com raízes espalhadas naquele que deveria ser um patrimônio histórico preservado, um testemunho da vida e obra do autor, mas que a cada ano foi desaparecendo com ação das estações chuvosas. A questão é que a Casa do Poeta está presa a trâmites burocráticos do poder público.
Neste contexto nos resta apenas o desabafo diante das injustiças e descaso das autoridades locais de não permitirem que a memória do patrimônio histórico de Icoaraci não seja preservada. Não é falta de aviso, pois discussões no meio político sempre ocorreram neste sentido, porém nunca houve uma ação consistente para resolver o problema. Não adianta aqui culpar partidos A ou B e nem as pessoas que agora estão ocupando às ruínas que sobraram da Casa.
Será que “se o poeta Antônio Tavernard tivesse nascido em Goiás sua história seria outra?”. A pergunta é respondida diante do exemplo da Casa da poetisa Cora Coralina que neste mês de abril de 2016 teve o local onde morou na cidade de Goiás (GO) todo revitalizado em memória a sua importância literária. Será que em nossa cidade e em nosso Estado, não há interesse pela preservação da história?
Que adianta Belém comemorar 400 anos de história, se esta mesma história não é preservada, apenas serve de propaganda e para ilustrar revistas de turismo. O que dizer para nossos visitantes e para a futura geração de icoaracienses sobre o descaso do patrimônio histórico do Distrito de Icoaraci?.
(*)Valdemir Silva , Bibliotecário
Fonte: Biblioteca Tavernard